Não
é o sociólogo renegado, garboso coveiro da "Era Vargas", que nos
preocupa. Nem mesmo o presidenciável insone que ainda não aceitou o placar e se
imagina nos acréscimos. Nem a artilharia midiática abastecida de cargas
explosivas da defesa ao ataque.
Preocupam-nos
muito mais o ódio, o rancor e os instintos selvagens dos órfãos da ditadura,
hoje reagrupados em torno do clã Bolsonaro: o major raivoso e sua prole dotada
de mandatos parlamentares acessórias.
Preocupa-nos
muito mais, porém, a incoerência e a incompetência para a resistência daquela
que imaginávamos o coração valente. E sua plêiade de eunucos brancaleones.
Preocupa-nos
a choradeira vã de uma tribo que vive no mundo da Lua, onde tem mais caciques
do que índios. Tribo que imagina enfrentar
o rolo compressor golpista com orações ao Deus pai, sinais de fumaça e rituais
de magia milagrosa.
E
que se mostra cada dia mais frágil ante a manipulação que aguça hordas de ladrões
de urnas, mais eficientes na ocupação das ruas e no ecoar de suas torpezas. Hordas
que sabem só terem estes dias de confusão bem explorada para virar a mesa.
Tanto
que já investem em mais um casuísmo sombrio: uma emenda só para impedir que o
sapo barbudo possa entrar no páreo na próxima. Que a tais mentes estúpidas se
afigura pule de dez, apesar das versões hipertrofiadas das lambanças pontuais.
Casuísmo,
aliás, que voltou à moda com os mesmos condimentos hipócritas da era do
arbítrio. E a que recorrem sem a menor cerimônia para achar uma brecha capaz de
justificar no subtexto das leis a cavalgada de insensatos cavaleiros do
apocalipse.
Não
carece de mais sintomas. O desejo de rasgar o voto majoritário virou obsessão
explícita. A estes celerados não há mais o que esconder. É preciso apear a
mulher, mesmo que ela capitule e se renda, fazendo tudo o que seu rei mandar.
E,
no entanto, ao contrário da militância apta que segura a pemba na Venezuela
bolivariana, por estas plagas o mais que se faz é estrebuchar entre blefes,
gritinhos e soluços, na confiança de que tudo se resolva entre quatro paredes: a
turma da pesada do Congresso venha a negar fogo à tropa impostora na hora do assalto,
conforme acordos que se negociam homem a homem na franciscana prática do "dá lá, toma cá", já consagrada nos
velhos tempos pelo falecido Roberto Cardoso Alves, o chucrute dos 4 estrelas no
Congresso d'antão.
Também
pudera. A militância orgânica se lambuzou no mel e engordou à sombra e água
fresca das prebendas etílicas, enquanto a massa desvalida tira o corpo fora
desconfiada do cavalo de Tróia que entronizou no altar do palácio a fina flor
dos pupilos de astuto Mayer Amschel Rothschild e do perverso John Pierpont
Morgan.
Massa
que nunca esteve tão mal das pernas, mercê do fogo amigo da nova classe
dirigente. E que ainda está muito fragmentada e meio zonza sem saber como a
banda toca e o que será do amanhã.
Nesse
ambiente de inversão de papéis tudo pode acontecer. Como aconteceu um dia na Alemanha debilitada
que se rendeu a um psicótico salvacionista – tipo que se pretende achar também nas
noites ébrias do planalto central.